quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um PRIVILÉGIO Ser Estar CATEQUISTA - Parabéns pelas que estão também inativas !

                                                           Versos do Diácono José da Cruz

Donas de casa ou estudantes
Professoras ou advogadas
São as nossas catequistas
Santas mulheres por Deus chamadas!

Mais do que simples conceitos
Mais do que uma doutrina
Primeiramente elas vivem
Tudo aquilo que se ensina

Em suas mãos tão humildes
Passam sábios e doutores
Sacerdotes e religiosos
Que vão ser futuros pastores

O que seria da igreja
E de toda a vocação
Se não houvesse catequistas
Assumindo esta missão?

Trabalham nos bastidores
Sem fazer muita euforia
Passam despercebidas
Igualzinho a Maria

Moça de Nazaré
Cheia de graça e de luz
Que na santa missão de ser mãe
Foi catequista de Jesus

E o fez com tal esmero
Com tanto amor ensinou
Que o Filho em sua vida
Por inteiro se doou!

Quando não entendia muito
Nos reveses da missão
Atitudes e palavras
Guardava no coração

Foi fiel até o fim
Do nascimento á morte
Do Cristo Jesus seu Filho
Que mudou a nossa sorte!

Neste dia das catequistas
Sincero louvor seja dado
A prece suba ao céu
Ao nosso Deus Pai amado

Pela missão de vocês
Na vocação e na Fé.
Vocês são nossas Marias
Iguais a de Nazaré!

Que testemunho tão belo
Em suas mãos tão humildes
Bendito e louvado seja !
Por tudo aquilo que fazem
Pela nossa Santa Igreja

Ensinam com competência
De coração tão aberto
E mostram com testemunho
Qual o caminho que é certo

Por mais que eu busque palavras
Elas sempre faltarão
Para dizer neste dia
Tudo aquilo que vocês são

Por isso encerro a homenagem
Pedindo que a Mãe do Deus Santo
Interceda a Jesus por vocês
E as cubra com o seu manto !

terça-feira, 16 de agosto de 2011

JMJ NO RJ 2013 - Será anunciada no final em MADRID



PRONUNCIAMENTO DO PAPA BENTO XVI PARA A JMJ EM MADRID 2011

«Enraizados e edificados n’Ele... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7).



Queridos amigos!

Penso com frequência na Jornada Mundial da Juventude de Sidney de 2008. Lá vivemos uma grande festa da fé, durante a qual o Espírito de Deus agiu com força, criando uma comunhão intensa entre os participantes, que vieram de todas as partes do mundo. Aquele encontro, assim como os precedentes, deu frutos abundantes na vida de numerosos jovens e de toda a Igreja. Agora, o nosso olhar dirige-se para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que terá lugar em Madrid em Agosto de 2011. Já em 1989, poucos meses antes da histórica derrocada do Muro de Berlim, a peregrinação dos jovens fez etapa na Espanha, em Santiago de Compostela. Agora, num momento em que a Europa tem grande necessidade de reencontrar as suas raízes cristãs, marcamos encontro em Madrid, com o tema: «Enraizados e edificados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). Por conseguinte, convido-vos para este encontro tão importante para a Igreja na Europa e para a Igreja universal. E gostaria que todos os jovens, quer os que compartilham a nossa fé em Jesus Cristo, quer todos os que hesitam, que estão na dúvida ou não crêem n’Ele, possam viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo e do seu amor por todos nós.

Na nascente das vossas maiores aspirações!

1. Em todas as épocas, também nos nossos dias, numerosos jovens sentem o desejo profundo de que as relações entre as pessoas sejam vividas na verdade e na solidariedade. Muitos manifestam a aspiração por construir relacionamentos de amizade autêntica, por conhecer o verdadeiro amor, por fundar uma família unida, por alcançar uma estabilidade pessoal e uma segurança real, que possam garantir um futuro sereno e feliz. Certamente, recordando a minha juventude, sei que estabilidade e segurança não são as questões que ocupam mais a mente dos jovens. Sim, a procura de um posto de trabalho e com ele poder ter uma certeza é um problema grande e urgente, mas ao mesmo tempo a juventude permanece contudo a idade na qual se está em busca da vida maior. Se penso nos meus anos de então: simplesmente não nos queríamos perder na normalidade da vida burguesa. Queríamos o que é grande, novo. Queríamos encontrar a própria vida na sua vastidão e beleza. Certamente, isto dependia também da nossa situação. Durante a ditadura nacional-socialista e durante a guerra nós fomos, por assim dizer, «aprisionados» pelo poder dominante. Por conseguinte, queríamos sair fora para entrar na amplidão das possibilidades do ser homem. Mas penso que, num certo sentido, todas as gerações sentem este impulso de ir além do habitual. Faz parte do ser jovem desejar algo mais do que a vida quotidiana regular de um emprego seguro e sentir o anseio pelo que é realmente grande. Trata-se apenas de um sonho vazio que esvaece quando nos tornamos adultos? Não, o homem é verdadeiramente criado para aquilo que é grande, para o infinito. Qualquer outra coisa é insuficiente. Santo Agostinho tinha razão: o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Ti. O desejo da vida maior é um sinal do facto que foi Ele quem nos criou, de que temos a Sua «marca». Deus é vida, e por isso todas as criaturas tendem para a vida; de maneira única e especial a pessoa humana, feita à imagem de Deus, aspira pelo amor, pela alegria e pela paz. Compreendemos então que é um contra-senso pretender eliminar Deus para fazer viver o homem! Deus é a fonte da vida; eliminá-lo equivale a separar-se desta fonte e, inevitavelmente, a privar-se da plenitude e da alegria: «De facto, sem o Criador a criatura esvaece» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 36). A cultura actual, nalgumas áreas do mundo, sobretudo no Ocidente, tende a excluir Deus, ou a considerar a fé como um facto privado, sem qualquer relevância para a vida social. Mas o conjunto de valores que estão na base da sociedade provém do Evangelho — como o sentido da dignidade da pessoa, da solidariedade, do trabalho e da família — constata-se uma espécie de «eclipse de Deus», uma certa amnésia, ou até uma verdadeira rejeição do Cristianismo e uma negação do tesouro da fé recebida, com o risco de perder a própria identidade profunda.

Por este motivo, queridos amigos, convido-vos a intensificar o vosso caminho de fé em Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Vós sois o futuro da sociedade e da Igreja! Como escrevia o apóstolo Paulo aos cristãos da cidade de Colossos, é vital ter raízes, bases sólidas! E isto é particularmente verdadeiro hoje, quando muitos não têm pontos de referência estáveis para construir a sua vida, tornando-se assim profundamente inseguros. O relativismo difundido, segundo o qual tudo equivale e não existe verdade alguma, nem qualquer ponto de referência absoluto, não gera a verdadeira liberdade, mas instabilidade, desorientação, conformismo às modas do momento. Vós jovens tendes direito de receber das gerações que vos precedem pontos firmes para fazer as vossas opções e construir a vossa vida, do mesmo modo como uma jovem planta precisa de um sólido apoio para que as raízes cresçam, para se tornar depois uma árvore robusta, capaz de dar fruto.

Enraizados e fundados em Cristo

2. Para ressaltar a importância da fé na vida dos crentes, gostaria de me deter sobre cada uma das três palavras que São Paulo usa nesta sua expressão: «Enraizados e fundados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). Nela podemos ver três imagens: «enraizado» recorda a árvore e as raízes que a alimentam; «fundado» refere-se à construção de uma casa; «firme» evoca o crescimento da força física e moral. Trata-se de imagens muito eloquentes. Antes de as comentar, deve-se observar simplesmente que no texto original as três palavras, sob o ponto de vista gramatical, estão no passivo: isto significa que é o próprio Cristo quem toma a iniciativa de radicar, fundar e tornar firmes os crentes.

A primeira imagem é a da árvore, firmemente plantada no solo através das raízes, que a tornam estável e a alimentam. Sem raízes, seria arrastada pelo vento e morreria. Quais são as nossas raízes? Naturalmente, os pais, a família e a cultura do nosso país, que são uma componente muito importante da nossa identidade. A Bíblia revela outra. O profeta Jeremias escreve: «Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. É como a árvore plantada perto da água, a qual estende as raízes para a corrente; não teme quando vem o calor, a sua folhagem fica sempre verdejante. Não a inquieta a seca de um ano; continua a produzir frutos» (Jr 17, 7-8). Estender as raízes, para o profeta, significa ter confiança em Deus. D’Ele obtemos a nossa vida; sem Ele não poderíamos viver verdadeiramente. «Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho» (1 Jo 5, 11). O próprio Jesus apresenta-se como nossa vida (cf. Jo 14, 6). Por isso a fé cristã não é só crer em verdades, mas é antes de tudo uma relação pessoal com Jesus Cristo, é o encontro com o Filho de Deus, que dá a toda a existência um novo dinamismo. Quando entramos em relação pessoal com Ele, Cristo revela-nos a nossa identidade e, na sua amizade, a vida cresce e realiza-se em plenitude. Há um momento, quando somos jovens, em que cada um de nós se pergunta: que sentido tem a minha vida, que finalidade, que orientação lhe devo dar? É uma fase fundamental, que pode perturbar o ânimo, às vezes também por muito tempo. Pensa-se no tipo de trabalho a empreender, quais relações sociais estabelecer, que afectos desenvolver... Neste contexto, penso de novo na minha juventude. De certa forma muito cedo tive a consciência de que o Senhor me queria sacerdote. Mais tarde, depois da Guerra, quando no seminário e na universidade eu estava a caminho para esta meta, tive que reconquistar esta certeza. Tive que me perguntar: é este verdadeiramente o meu caminho? É deveras esta a vontade do Senhor para mim? Serei capaz de Lhe permanecer fiel e de estar totalmente disponível para Ele, ao Seu serviço? Uma decisão como esta deve ser também sofrida. Não pode ser de outra forma. Mas depois surgiu a certeza: é bem assim! Sim, o Senhor quer-me, por isso também me dará a força. Ao ouvi-Lo, ao caminhar juntamente com Ele torno-me deveras eu mesmo. Não conta a realização dos meus próprios desejos, mas a Sua vontade. Assim a vida torna-se autêntica.

Tal como as raízes da árvore a mantêm firmemente plantada na terra, também os fundamentos dão à casa uma estabilidade duradoura. Mediante a fé, nós somos fundados em Cristo (cf. Cl 2, 7), como uma casa é construída sobre os fundamentos. Na história sagrada temos numerosos exemplos de santos que edificaram a sua vida sobre a Palavra de Deus. O primeiro foi Abraão. O nosso pai na fé obedeceu a Deus que lhe pedia para deixar a casa paterna a fim de se encaminhar para uma terra desconhecida. «Abraão acreditou em Deus e isso foi-lhe atribuído à conta de justiça e foi chamado amigo de Deus» (Tg 2, 23). Estar fundados em Cristo significa responder concretamente à chamada de Deus, confiando n’Ele e pondo em prática a sua Palavra. O próprio Jesus admoesta os seus discípulos: «Porque me chamais: “Senhor, Senhor” e não fazeis o que Eu digo?» (Lc 6, 46). E, recorrendo à imagem da construção da casa, acrescenta: «todo aquele que vem ter Comigo, escuta as Minhas palavras e as põe em prática, é semelhante a um homem que construiu uma casa: Cavou, aprofundou e assentou os alicerces sobre a rocha. Sobreveio a inundação, a torrente arremessou-se com violência contra aquela casa e não pôde abalá-la por ter sido bem construída» (Lc 6, 47-48).

Queridos amigos, construí a vossa casa sobre a rocha, como o homem que «cavou muito profundamente». Procurai também vós, todos os dias, seguir a Palavra de Cristo. Senti-O como o verdadeiro Amigo com o qual partilhar o caminho da vossa vida. Com Ele ao vosso lado sereis capazes de enfrentar com coragem e esperança as dificuldades, os problemas, também as desilusões e as derrotas. São-vos apresentadas continuamente propostas mais fáceis, mas vós mesmos vos apercebeis que se revelam enganadoras, que não vos dão serenidade e alegria. Só a Palavra de Deus nos indica o caminho autêntico, só a fé que nos foi transmitida é a luz que ilumina o caminho. Acolhei com gratidão este dom espiritual que recebestes das vossas famílias e comprometei-vos a responder com responsabilidade à chamada de Deus, tornando-vos adultos na fé. Não acrediteis em quantos vos dizem que não tendes necessidade dos outros para construir a vossa vida! Ao contrário, apoiai-vos na fé dos vossos familiares, na fé da Igreja, e agradecei ao Senhor por a ter recebido e feito vossa!

Firmes na fé

3. «Enraizados e fundados em Cristo... firmes na fé» (cf. Cl 2, 7). A Carta da qual é tirado este convite, foi escrita por São Paulo para responder a uma necessidade precisa dos cristãos da cidade de Colossos. Com efeito, aquela comunidade estava ameaçada pela influência de determinadas tendências culturais da época, que afastavam os fiéis do Evangelho. O nosso contexto cultural, queridos jovens, tem numerosas analogias com o tempo dos Colossenses daquela época. De facto, há uma forte corrente de pensamento laicista que pretende marginalizar Deus da vida das pessoas e da sociedade, perspectivando e tentando criar um «paraíso» sem Ele. Mas a experiência ensina que o mundo sem Deus se torna um «inferno»: prevalecem os egoísmos, as divisões nas famílias, o ódio entre as pessoas e entre os povos, a falta de amor, de alegria e de esperança. Ao contrário, onde as pessoas e os povos acolhem a presença de Deus, o adoram na verdade e ouvem a sua voz, constrói-se concretamente a civilização do amor, na qual todos são respeitados na sua dignidade, cresce a comunhão, com os frutos que ela dá. Contudo existem cristãos que se deixam seduzir pelo modo de pensar laicista, ou são atraídos por correntes religiosas que afastam da fé em Jesus Cristo. Outros, sem aderir a estas chamadas, simplesmente deixaram esmorecer a sua fé, com inevitáveis consequências negativas a nível moral.

Aos irmãos contagiados por ideias alheias ao Evangelho, o apóstolo Paulo recorda o poder de Cristo morto e ressuscitado. Este mistério é o fundamento da nossa vida, o centro da fé cristã. Todas as filosofias que o ignoram, que o consideram «escândalo» (1 Cor 1, 23), mostram os seus limites diante das grandes perguntas que habitam o coração do homem. Por isso também eu, como Sucessor do apóstolo Pedro, desejo confirmar-vos na fé (cf. Lc 22, 32). Nós cremos firmemente que Jesus Cristo se ofereceu na Cruz para nos doar o seu amor; na sua paixão, carregou os nossos sofrimentos, assumiu sobre si os nossos pecados, obteve-nos o perdão e reconciliou-nos com Deus Pai, abrindo-nos o caminho da vida eterna. Deste modo fomos libertados do que mais entrava a nossa vida: a escravidão do pecado, e podemos amar a todos, até os inimigos, e partilhar este amor com os irmãos mais pobres e em dificuldade.

Queridos amigos, muitas vezes a Cruz assusta-nos, porque parece ser a negação da vida. Na realidade, é o contrário! Ela é o «sim» de Deus ao homem, a expressão máxima do seu amor e a nascente da qual brota a vida eterna. De facto, do coração aberto de Jesus na cruz brotou esta vida divina, sempre disponível para quem aceita erguer os olhos para o Crucificado. Portanto, não posso deixar de vos convidar a aceitar a Cruz de Jesus, sinal do amor de Deus, como fonte de vida nova. Fora de Cristo morto e ressuscitado, não há salvação! Só Ele pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino de justiça, de paz e de amor pelo qual todos aspiram.

Crer em Jesus Cristo sem o ver

4. No Evangelho é-nos descrita a experiência de fé do apóstolo Tomé ao acolher o mistério da Cruz e da Ressurreição de Cristo. Tomé faz parte dos Doze apóstolos; seguiu Jesus; foi testemunha directa das suas curas, dos milagres; ouviu as suas palavras; viveu a desorientação perante a sua morte. Na noite de Páscoa o Senhor apareceu aos discípulos, mas Tomé não estava presente, e quando lhe foi contado que Jesus estava vivo e se mostrou, declarou: «Se eu não vir o sinal dos cravos nas Suas mãos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e não meter a mão no Seu lado, não acreditarei» (Jo 20, 25).

Também nós gostaríamos de poder ver Jesus, de poder falar com Ele, de sentir ainda mais forte a sua presença. Hoje para muitos, o acesso a Jesus tornou-se difícil. Circulam tantas imagens de Jesus que se fazem passar por científicas e O privam da sua grandeza, da singularidade da Sua pessoa. Portanto, durante longos anos de estudo e meditação, maturou em mim o pensamento de transmitir um pouco do meu encontro pessoal com Jesus num livro: quase para ajudar a ver, a ouvir, a tocar o Senhor, no qual Deus veio ao nosso encontro para se dar a conhecer. De facto, o próprio Jesus aparecendo de novo aos discípulos depois de oito dias, diz a Tomé: «Chega aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente» (Jo 20, 27). Também nós temos a possibilidade de ter um contacto sensível com Jesus, meter, por assim dizer, a mão nos sinais da sua Paixão, os sinais do seu amor: nos Sacramentos Ele torna-se particularmente próximo de nós, doa-se a nós. Queridos jovens, aprendei a «ver», a «encontrar» Jesus na Eucaristia, onde está presente e próximo até se fazer alimento para o nosso caminho; no Sacramento da Penitência, no qual o Senhor manifesta a sua misericórdia ao oferecer-nos sempre o seu perdão. Reconhecei e servi Jesus também nos pobres, nos doentes, nos irmãos que estão em dificuldade e precisam de ajuda.

Abri e cultivai um diálogo pessoal com Jesus Cristo, na fé. Conhecei-o mediante a leitura dos Evangelhos e do Catecismo da Igreja Católica; entrai em diálogo com Ele na oração, dai-lhe a vossa confiança: ele nunca a trairá! «Antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus» (Catecismo da Igreja Católica, n. 150). Assim podereis adquirir uma fé madura, sólida, que não estará unicamente fundada num sentimento religioso ou numa vaga recordação da catequese da vossa infância. Podereis conhecer Deus e viver autenticamente d’Ele, como o apóstolo Tomé, quando manifesta com força a sua fé em Jesus: «Meu Senhor e meu Deus!».

Amparados pela fé da Igreja para ser testemunhas

5. Naquele momento Jesus exclama: «Porque Me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditaram!» (Jo 20, 29). Ele pensa no caminho da Igreja, fundada sobre a fé das testemunhas oculares: os Apóstolos. Compreendemos então que a nossa fé pessoal em Cristo, nascida do diálogo com Ele, está ligada à fé da Igreja: não somos crentes isolados, mas, pelo Baptismo, somos membros desta grande família, e é a fé professada pela Igreja que dá segurança à nossa fé pessoal. O credo que proclamamos na Missa dominical protege-nos precisamente do perigo de crer num Deus que não é o que Jesus nos revelou: «Cada crente é, assim, um elo na grande cadeia dos crentes. Não posso crer sem ser motivado pela fé dos outros, e pela minha fé contribuo também para guiar os outros na fé» (Catecismo da Igreja Católica, n. 166). Agradeçamos sempre ao Senhor pelo dom da Igreja; ela faz-nos progredir com segurança na fé, que nos dá a vida verdadeira (cf. Jo 20, 31).

Na história da Igreja, os santos e os mártires hauriram da Cruz gloriosa de Cristo a força para serem fiéis a Deus até à doação de si mesmos; na fé encontraram a força para vencer as próprias debilidades e superar qualquer adversidade. De facto, como diz o apóstolo João, «Quem é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?» (1 Jo 5, 5). E a vitória que nasce da fé é a do amor. Quantos cristãos foram e são um testemunho vivo da força da fé que se exprime na caridade; foram artífices de paz, promotores de justiça, animadores de um mundo mais humano, um mundo segundo Deus; comprometeram-se nos vários âmbitos da vida social, com competência e profissionalidade, contribuindo de modo eficaz para o bem de todos. A caridade que brota da fé levou-os a dar um testemunho muito concreto, nas acções e nas palavras: Cristo não é um bem só para nós próprios, é o bem mais precioso que temos para partilhar com os outros. Na era da globalização, sede testemunhas da esperança cristã em todo o mundo: são muitos os que desejam receber esta esperança! Diante do sepulcro do amigo Lázaro, morto havia quatro dias, Jesus, antes de o chamar de novo à vida, disse à sua irmã Marta: «Se acreditasses, verias a glória de Deus» (cf. Jo 11, 40). Também vós, se acreditardes, se souberdes viver e testemunhar a vossa fé todos os dias, tornar-vos-eis instrumentos para fazer reencontrar a outros jovens como vós o sentido e a alegria da vida, que nasce do encontro com Cristo!

Rumo à Jornada Mundial de Madrid

6. Queridos amigos, renovo-vos o convite a ir à Jornada Mundial da Juventude a Madrid. É com profunda alegria que espero cada um de vós pessoalmente: Cristo quer tornar-vos firmes na fé através a Igreja. A opção de crer em Cristo e de O seguir não é fácil; é dificultada pelas nossas infidelidades pessoais e por tantas vozes que indicam caminhos mais fáceis. Não vos deixeis desencorajar, procurai antes o apoio da Comunidade cristã, o apoio da Igreja! Ao longo deste ano preparai-vos intensamente para o encontro de Madrid com os vossos Bispos, os vossos sacerdotes e os responsáveis da pastoral juvenil nas dioceses, nas comunidades paroquiais, nas associações e nos movimentos. A qualidade do nosso encontro dependerá sobretudo da preparação espiritual, da oração, da escuta comum da Palavra de Deus e do apoio recíproco.

Amados jovens, a Igreja conta convosco! Precisa da vossa fé viva, da vossa caridade e do dinamismo da vossa esperança. A vossa presença renova a Igreja, rejuvenesce-a e confere-lhe renovado impulso. Por isso as Jornadas Mundiais da Juventude são uma graça não só para vós, mas para todo o Povo de Deus. A Igreja na Espanha está a preparar-se activamente para vos receber e para viver juntos a experiência jubilosa da fé. Agradeço às dioceses, às paróquias, aos santuários, às comunidades religiosas, às associações e aos movimentos eclesiais, que trabalham com generosidade na preparação deste acontecimento. O Senhor não deixará de os abençoar. A Virgem Maria acompanhe este caminho de preparação. Ela, ao anúncio do Anjo, acolheu com fé a Palavra de Deus; com fé consentiu a obra que Deus estava a realizar nela. Pronunciando o seu «fiat», o seu «sim», recebeu o dom de uma caridade imensa, que a levou a doar-se totalmente a Deus. Interceda por cada um e cada uma de vós, para que na próxima Jornada Mundial possais crescer na fé e no amor. Garanto-vos a minha recordação paterna na oração e abençoo-vos de coração.

Vaticano, 6 de Agosto de 2010, Festa da Transfiguração do Senhor.



BENEDICTUS PP. XVI

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Arquidiocese convida 17/09 - BLOGUEIROS

Site da Arquidiocese de São Sebastião do Rj

Setembro será um mês especial para os católicos que atuam na blogosfera. No dia 17 vai acontecer o E+Blog – o 1º Encontro para os Blogueiros Católicos. Partilha das realidades e formação constante são as principais propostas.

O evento — inspirado pelo encontro de blogueiros promovido pelo Vaticano, que foi organizado pelos Pontifícios Conselhos para a Cultura e das Comunicações Sociais, em maio deste ano — visa reunir católicos que mantêm blogs não apenas religiosos, mas sim das mais diversas temáticas. De acordo com o coordenador arquidiocesano da Pastoral da Comunicação, Padre Márcio Queiroz, a igreja no Rio de Janeiro conta com o caráter missionário de cada um para a evangelização na blogosfera.

— A diversidade de trabalhos que os católicos realizam são a grande riqueza missionária da Igreja. A fé que cada pessoa traz em si e que transmite no que faz tem muita força de evangelização. É este constante inserir-se em todas as realidades da nossa sociedade que faz de cada um de nós colaboradores de Deus na construção da civilização do amor, destacou.

O encontro será uma oportunidade para ouvir e conhecer as realidades em que os blogueiros estão inseridos e para auxiliá-los em seus processos de formação.

- Tudo o que reúne pessoas com o mesmo objetivo é muito importante para caminharmos na mesma direção,que,no nosso caso, como católicos, visa também uma nova forma de evangelização. Nos blogs, algo de interessante acontece: de acordo com o que a gente escreve, a gente vai tocando o coração das pessoas de acordo com o momento e o interesse de cada um que se conecta. É a nossa partilha da vida que acaba alcançando o outro, contou a professora Edwiges Figueiredo, que tem o blog http://comoelindaanossafamilia.blogspot.com

- Proporcionar o encontro, o diálogo e a troca de experiências é sempre válido. (...) Meus textos são impressões unicamente minhas, mas gosto quando tocam as pessoas, disse a cineasta Barbara Kahane, blogueira de http://pescotexto.blogspot.com/

Para o assessor da Pastoral da Comunicação do Vicariato Jacarepaguá, Padre Francisco Reinaldo Oliveira, a ocasião também será importante para que os blogueiros possam criar vínculos uns com os outros e estabelecerem um canal para a formação constante, que lhes permita esclarecer dúvidas sobre a fé e o posicionamento da Igreja com relação a questões do cotidiano.

— Fé e razão compõem o ser humano. O católico precisa conhecer as motivações da Igreja para também crescer na fé. O E+Blog vai ser mais um espaço para iniciarmos esse processo de crescimento e para, a partir dele, criarmos ferramentas que nos ajudem a, juntos, buscarmos uma formação constante, revelou.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Persona de Cristhi = PAI - Que Nossa Senhora Interceda por tantos Padres !

ORAÇÃO PELOS SACERDOTES

Senhor Jesus, presente no Santíssimo Sacramento do Altar, que vos quisestes perpetuar entre nós por meio de vossos sacerdotes, fazei com que suas palavras sejam somente as vossas, que seus gestos sejam os vossos, que sua vida seja o fiel reflexo da vossa.

Que eles sejam os homens que falem a Deus dos homens e falem aos homens de Deus.

Que não tenham medo de servir, servindo a Igreja como ela quer ser servida.

Que sejam homens, testemunhas do eterno nosso tempo, caminhando pelas estradas da história com vosso mesmo passo e fazendo o bem a todos.

Que sejam fiéis aos seus compromissos, zelosos de sua vocação e de sua entrega, claros reflexos da própria identidade e que vivam com alegria o dom recebido.

Tudo isso vos peço pela intercessão de vossa Mãe Santíssima: ela que esteve presente em vossa vida, esteja sempre presente na vida dos vossos sacerdotes. Amém

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Comunhão NA BOCA E DE JOELHOS comentários

Bem, realmente é de se pensar e repensar, mas de acordo com o nosso sumo Pontífice (ele é a ponte que nos une a Cristo), receber a Eucaristia na língua (evita que fragmentos de Nosso Senhor se perca em nossas mãos)e para evitar tantas coisas que fazem com o Corpo e Sangue de Nosso Senhor, apesar da questão higiene, também é coerente por parte das mulheres, evitarem batons. Também temos a questão das próteses e dos idosos, recém operados etc.
Foi necessário mudar algumas coisas na Santa Missa após o Concílio Vaticano, mas o desejo ardente não só do Papa mas para aqueles que realmente sentem se tocados, se torna-rá num futuro próximo verdadeiros rituais que tiveram que ser deixados de lado e serem não só rituais, mas cada cristão reconhecer-se pequeno diante do Cristo e fazer a devida REVERÊNCIA nos torna grande quando O recebemos.
Quanto a Comunhão de joelhos, sinal de humildade para receber não um mero e simples pedaço de 'Pão", mas o Próprio Cristo, faço meio que uma comparação desculpe-me a colocação :
Se estamos em uma estação de Metro, você acabou de comer um pacote de biscoito, você irá jogar no chão da plataforma limpa ou irá jogar no lixo ou guardar na bolsa ? Se um que TEM CONDIÇÕES para o fazer, fizer, irá tornar-se não sei se a palavra cai bem, mais um HÁBITO na qual Paróquias, Seminaristas, Padres, Ministros terão que se adaptar também de acordo com a necessidade das comunidades.
Tirei a mensagem do blog : Últimas Misericórdias de Deus - Onde o Sr.Hugo Ferreira Pinto e GRUPO DE LEIGOS, também pensam : Vamos ver abaixo :

AJOELHAR-SE PARA
COMUNGAR Mons. Ranjith, Secretário da Congregação para o Culto Divino

Revista Radici cristiani


(A entrevista sobre a "comunhão na boca" e de joelhos é uma cópia da entrevista concedida por Dom Ranjith em 27 de Janeiro de 2008, por ocasião de um prefácio seu para o Livro "Dominus Est", de autoria do Sr. Bispo Dom Athanasius Schneider. Pode ser encontrada em inglês no site "New Liturgical Movement".)

Excelência, o Papa tem distribuído recentemente a Comunhão na boca aos fiéis ajoelhados. Perguntado pelo Osservatore Romano, o cerimoniário pontifício, Mons. Guido Marini, declarou que julga que esta praxe se tornará habitual nas celebrações pontifícias[1], recordando que “a distribuição da Comunhão na mão permanece ainda, do ponto de vista jurídico, um indulto em relação à lei universal ... A modalidade adotada por Bento XVI tende a sublinhar a vigência da norma válida para toda a Igreja”. Pensa que os bispos e os sacerdotes deveriam fazer uma particular reflexão sobre aquilo que o Papa está fazendo nas suas celebrações?

Quando o Santo Padre, como sucessor de Pedro, fala “ex cathedra”, o seu ensinamento torna-se obrigatório para todos. Porém, há outras matérias que não pertencem ao magistério ex cathedra, mas ao magistério ordinário. Também quando fala neste sentido, todos devem prestar a máxima consideração; o seu ensinamento deve ser honrado e seguido. Depois, quando o Papa faz algum gesto, este se torna importante e simbólico para a Igreja, torna-se um modelo. O anterior cerimoniário pontifício sempre dizia que a liturgia celebrada pelo Santo Padre deveria servir de modelo para toda a Igreja.

Ora, o Santo Padre introduziu justamente uma praxe que não é um experimento, mas algo sobre o qual ele certamente refletiu, rezou e se consultou. Trata-se de algo que se podia já encontrar nos seus escritos de Cardeal [2], quando insistia na reverência devida ao Santíssimo. Ele fez, portanto, um gesto que, além disso, é o que a Igreja tem seguido, precedentemente, durante séculos. E era o gesto mais de acordo com a atitude de verdadeira reverência para com o Senhor, porque não estamos recebendo um pedaço de pão, mas Cristo, a sua Pessoa, o seu Corpo, o seu Sangue. Diante deste fenômeno do Eterno que entra no frágil, no fraco, no humano, deve haver uma atitude de grande fé, devoção e reverência. O que acontece quando recebemos a Eucaristia, é algo de incompreensível para a mente humana. O Senhor entra nos nossos corações como em uma morada sua e nós o devemos receber como convém.

O gesto introduzido pelo Santo Padre é valorizado e refletido no seu significado profundo. Seria uma cegueira muito grande fechar os olhos diante daquilo que o Santo Padre está fazendo. Assim como seria insensato negar-se a ler o sentido deste gesto. Por outro lado, repito, ele já tinha explicado em seus escritos por que este gesto é importante e como toda a Sagrada Escritura fala de reverência para com o Senhor, seja no Antigo Testamento[3], no âmbito do templo sagrado de Jerusalém, seja no Novo Testamento, diante da pessoa de Jesus [4]. Quando os olhos da fé se abrem, os apóstolos e os outros se põem logo de joelhos diante dEle. Há, além disso, uma longa tradição nesse sentido na Igreja, dos Padres da Igreja em diante.

Outro tanto se diga no que diz respeito à Comunhão na boca. Por conseguinte, encontramo-nos num momento em que devemos praticar o nosso discernimento, rezando e refletindo e, se alguma coisa não andou bem, aceitando com muita humildade o fato que erramos. O meu sincero voto é que toda a Igreja, como diz Mons. Guido Marini, leia este gesto e o adote para si mesma [5].

Houve um tempo em que, na Comunhão, se dava grande ênfase sobre a relação do fiel com Deus. Hoje, muitas vezes se põe em relevância uma espécie de “dimensão social” da Eucaristia, entendida como um símbolo de participação comunitária. Tal concepção não poderia pôr em perigo a fé na presença real nas espécies eucarísticas?

Si se lê a exortação apostólica pós-sinodal do Santo Padre Sacramentum Caritatis, vemos que ele divide os capítulos em três: a Eucaristia que se crê, a Eucaristia que se celebra e a Eucaristia que se vive. Não se pode dizer que a Eucaristia tenha somente uma dimensão social. A dimensão social naturalmente é a conseqüência da dimensão da Fé e da celebração. Todos somos chamados a viver a nossa fé cristã com heroísmo. Mas não se podem fazer sacrifícios heróicos se não se crê e não se celebra esta fé. Por isso, não tem sentido desligar uma coisa da outra.

Naturalmente, a celebração é como uma ponte entre o aspecto de fé e o aspecto de vida. Se mais intensa for a celebração, mais coerente será a vida cristã. Não existe apenas lex orandi, lex credendi, mas também a lex vivendi. Isto é, faço o bem para os outros, porque existe a chamada de Cristo a celebrá-lo e a vivê-lo. Se se negligencia a fé e a sua celebração, chega-se a uma dimensão social privado de conteúdo, sem razão de ser, sem poder de convencer, que se torna formalismo e banalidade. Não se terá a coragem de ser cristãos coerentes se se reduzir a Eucaristia a mera experiência horizontal, sem a dimensão vertical.

A Comunhão na mão não era prevista nem pelo Concílio nem pela Reforma litúrgica. Os historiadores dizem que Papa Paulo VI foi muito reticente em admiti-la e o fez só após insistentes pedidos, e mais, depois de fatos consumados em alguns países. Por que pensa que houve então essa reticência em aprovar uma praxe que hoje é vista como uma “conquista”, um sintoma da maturidade dos fiéis?

Sobre a questão como surgiu esta praxe da Comunhão na mão há um grande debate. No entanto, algumas coisas são claras. A saber, esta praxe foi iniciada no sentido de fervor e de euforia que se criaram pela conquista de uma certa liberdade, de uma certa abertura à criatividade nas Igrejas locais. E então, antes que as questões tivessem sido estudadas, os novos livros litúrgicos tivessem sido introduzidos e as novas normas tivessem sido estabelecidas, alguns países e alguns episcopados tomaram a liberdade, usando a famosa categoria ad experimentum, de introduzir em alguns países esta nova praxe de Comunhão na mão. Talvez tenha sido vista como um gesto favorável ao ecumenismo com os protestantes, um gesto de abertura para com eles.

A nova praxe, depois de iniciada, se consolidou. Querendo regulamentar a situação, o Santo Padre Paulo VI, de venerável memória, fez um inquérito junto aos bispos, já durante o próprio Concílio. E muitos bispos [6], como está escrito no documento pontifício Memoriale Domini, não aceitaram esta nova praxe. Porém, entretanto ela se tinha difundido em certas regiões, e certamente o Papa encontrou dificuldades em fazê-los retornar nos seus próprios passos. Para legalizar esta anomalia, ele permitiu a alguns países continuá-la. Mas não indicava, absolutamente, este exemplo como válido para todo o mundo. O Papa, além disso, determinou que se, sob certas condições [7], as Conferências episcopais quisessem adotar a nova praxe, era necessário pedir o indulto à Santa Sé.


Então, as Conferências episcopais de outros países começaram a adotá-la, sob pressão de diversas escolas teológicas e litúrgicas, que diziam que a nova praxe era um gesto mais aberto, mais moderno. Depois, os viajantes que foram nos países do Terceiro Mundo pediam poder fazer a Comunhão desse modo. No entanto, permanecia a obrigação de pedir o indulto à Santa Sé. O próprio fato de dever pedir o indulto está aí para indicar que a praxe normal é a outra. Agora, a praxe extraordinária se tornou a praxe normal. Mas não deveria ser assim em todos os países.

Ao menos em países com uma grande abertura ao sagrado...

Desagrada-me que alguns países de tradição religiosa muito antiga, por exemplo, na Ásia, tenham introduzido este novo gesto, sem mesmo considerar a própria cultura. Falo de lugares onde existem religiões de importância mundial e nas quais o senso de respeito ao sagrado é muito elevado. Quando se vai no templo, precisa-se tirar os sapatos. No templo hindu, até mesmo, a camisa e a veste de baixo, em respeito a suas divindades. Também no templo budista se vai sem sapatos e envolvendo-se com uma veste longa, sempre com o sentido do respeito. Também nesses países, infelizmente, os bispos introduziram a Comunhão na mão, um gesto que não reflete em nada a sua cultura. Eu considero isso um tipo de imperialismo intelectual de certas escolas ocidentais. Isto me fere, porque é a imposição de uma cultura estranha a pessoas que têm um elevado senso de respeito ao mistério e ao sagrado.

A medida tomada por esses bispos me causa dó, porque não entenderam a cultura local e a inculturação. Vê-se que foram influenciados por escolas teológico-litúrgicas que não fizeram uma pesquisa séria.

Às vezes sem que se negue explicitamente a presença real de Jesus Cristo nas espécies eucarísticas, vê-se uma tendência a considerar superadas certas formas clássicas de reverência ao Santíssimo como, por exemplo, pôr-se de joelhos em certas circunstâncias. É verdade que algumas convenções humanas podem mudar nas diversas épocas. Mas existem, segundo o senhor, atitudes que não são apenas convenções ligadas a uma época, mas valem para toda a história da Igreja?

A situação da fé na presença real da Eucaristia é bastante preocupante. Não quero dizer que todos perderam a fé. Porém, nós, da Congregação para o Culto Divino, fizemos recentemente uma sondagem sobre a Adoração Eucarística, que será o tema da nossa próxima reunião plenária. Dos relatórios de diversas conferências episcopais, no que diz respeito aos aspectos negativos, emerge a admissão de que no clero influenciado por certas tendências teológicas não existe mais uma clara fé na presença real de Cristo. Em alguns seminários ensina-se que Cristo está presente apenas no momento da Consagração e da Comunhão, depois não mais. Trata-se de uma posição protestante, que, então, abre o caminho para abusos e até mesmo sacrilégios das espécies eucarísticas. Uma situação desagradável.

Requer-se aquele sentido de reverência, fruto da consciência de que se trata do Corpo do Senhor, Jesus vivo em sua forma eucarística, que nós comemos, que nós adoramos. Por conseguinte, será necessário ver urgentemente como dar uma formação teológica e sacramental que assegure aos jovens seminaristas, aos sacerdotes e também aos religiosos e às religiosas, um reforço deste senso da real e contínua presença de Cristo nas espécies eucarísticas. Do contrário, as conseqüências só poderão ser dramáticas para a Igreja e causa de inumeráveis problemas.

Há um paradoxo entre aquilo que o senhor diz e certos fatos recentes. Na Austrália, os jovens pareceram muito respeitosos nas adorações eucarísticas, e aqueles que puderam receber a Comunhão das mãos do Papa pareceram ter muita alegria em poder recebê-la de joelhos e na boca.

No Concílio Vaticano II perguntamo-nos muitas vezes como estar atentos a ler os sinais dos tempos. De resto, uma belíssima expressão. Mas entramos em contradição conosco mesmos quando fechamos os nossos olhos e os nossos ouvidos àquilo que acontece ao redor de nós. Existe hoje uma grande demanda de espiritualidade, de coerência, de sinceridade, de uma fé não apenas proclamada mas também vivida. Isto vemos sobretudo nas novas gerações. Eu fico contente ao encontrar às vezes jovens sacerdotes e seminaristas que querem caminhar numa direção de busca do Eterno. Nós outros, que somos da geração do Concílio Vaticano II, que sempre proclamou o dever de estarmos atentos aos sinais dos tempos, não devemos exatamente agora tornar-nos cegos e surdos. Os sinais dos tempos mudam com a história. Se formos atentos não somente aos sinais dos tempos dos anos de 68 [1968], mas também àqueles de hoje, então deveremos abrir-nos a esse fenômeno, refletir sobre ele, examiná-lo.

É estranho que em alguns países da Europa as Irmãs se vistam como mulheres comuns e abandonem o véu. O véu é um símbolo de algo de Eterno, algo de “um já e não ainda”. Daquele sentido escatológico pregado pelo próprio Senhor: ainda que estejamos na terra, já pertencemos a uma realidade diferente.

E então, que sentido tem abandonar tudo aquilo para integrar-nos numa cultura a morrer? Vi tantos jovens sacerdotes e religiosas que têm apreço por seus símbolos de consagração. Não é que a veste seja tudo, mas também ela tem um sentido. Lembro-me de um dia em que viajava no TGV de Paris a Lion, vestido de sacerdote, com o colarinho, etc. A certa altura, um senhor se aproxima e me pergunta se sou um sacerdote católico. Respondi que sim, e ele me pediu poder confessar-se. Fomos então a um canto onde não podíamos ser perturbados. Ele me disse que era católico, mas não praticante regular e que estava procurando alguém para falar. Ele disse que estava contente por me ter encontrado, porque via que sou um sacerdote. Mas ele teria tido esta ocasião se eu estivesse vestido de paletó e gravata?

Repito, é estranho e é triste que, num mundo com tantos jovens desiludidos das banalidades, cansados da superficialidade, do materialismo consumista, muitos sacerdotes e religiosas andem de veste burguesa, abandonando seu sinal de pertença a uma realidade diferente. Ler os sinais dos tempos significa discernir que, entretanto, os jovens buscam o Eterno, buscam um objetivo pelo qual vale a pena de se sacrificar, que estão prontos e são generosos. É onde há estas disposições que devemos estar presentes.

Do contrário, falamos em nome do Concílio, criticamos todos os outros em nome do Concílio, mas somos incoerentes quando não conseguimos ler estes sinais dos tempos.

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NOTA:- No prefácio do livro DOMINUS EST (aqui anexado em português) publicado pela Livraria Editora Vaticana em Janeiro de 2008, o Exmo. Secretário da Congregação para o Culto Divino faz uso das seguintes expressões:


“...falando da Comunhão na mão é necessário reconhecer que se trata de uma prática introduzida abusivamente e à pressa nalguns ambientes da Igreja imediatamente depois do Concilio, alterando a secular prática anterior e transformando-se em seguida como prática regular para toda a Igreja. Justificava-se tal mudança dizendo que refletia melhor o Evangelho ou a prática antiga da Igreja”


“Creio que chegou a hora de avaliar a prática acima mencionada, (comunhão na boca e de joelhos) de reconsiderá-la e, se necessário, abandonar a atual, que de fato não foi indicada nem pela Sacrosanctum Concilium, nem pelos Padres Conciliares, mas foi aceite depois da sua introdução abusiva nalguns países”.


“Hoje mais do que nunca é necessário ajudar o fiel a renovar uma fé viva na presença real de Cristo sob as espécies eucarísticas para reforçar assim a vida da Igreja e defendê-la no meio das perigosas distorções da fé que tal situação continua a criar”.


“As razões de tal medida devem ser não tanto acadêmicas, quanto pastorais – espirituais como litúrgicas –, em suma, as que edificam melhor a fé. D. Schneider neste sentido mostra uma louvável coragem, pois soube entender o significado das palavras de São Paulo: “mas que tudo seja para edificação” (1 Cor 14, 26)”.


+ Malcolm Ranjith, Secretário da Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos

(desejando o texto do livro em português, retornar o e-mail e solicitar “Dominus est” em português)

Resumo da obra disponível em www.libreriaeditricevaticana.com/it/news/info.jsp?product_id=31630) e

http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_all.asp?noticiaid=57579&seccaoid=9&tipoid=115 para acessar o Prefácio.




JOÃO PAULO II PEDE PERDÃO DAS FALTAS CONTRA A SANTÍSSIMA EUCARISTIA

"Prestes a terminar estas minhas considerações, quereria antes pedir perdão - em meu nome pessoal e no de todos vós, veneráveis e amados Irmãos no Episcopado - por tudo aquilo que, por qualquer motivo e por qualquer espécie de humana fraqueza, impaciência ou negligência, em conseqüência também de uma aplicação algumas vezes parcial, unilateral ou errônea das prescrições do Concílio Vaticano II, possa ter causado escândalo ou mal estar quanto à interpretação da doutrina e à veneração devida a este grande Sacramento. E elevo as minhas preces ao Senhor Jesus para que no futuro seja evitado no nosso modo de tratar este sagrado Mistério, tudo aquilo que possa debilitar ou desorientar de qualquer maneira o sentido de reverência e de amor dos nossos fiéis." (João Paulo II em"O Mistério e o Culto da Santíssima Eucaristia", de 24/2/80, final do documento).



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[1]Já se tornou habitual e definitiva
[2] “Na realidade, como Sua Eminência o Cardeal Joseph Ratzinger enfatizou recentemente, a prática de ajoelhar para Santa Comunhão tem em seu favor uma tradição multissecular e é um sinal particularmente expressivo de adoração, completamente destinado a levar em conta a verdadeira, real e significativa presença de Nosso Deus Jesus Cristo debaixo das espécies consagradas”. (Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos Prot. n. 1322/02/L Roma, 1 de julho, de 2002)

[3]Nm 20,6 - Moisés e Aarão deixaram a assembléia e dirigiram-se à entrada da tenda de reunião, onde se prostraram com a face por terra. Apareceu-lhes a glória do Senhor. 1Sm 1,19 - No dia seguinte pela manhã, prostraram-se diante do Senhor, e voltaram para a sua casa em Ramá. 1Sm 1,28 - Portanto, eu também o dou ao Senhor: ele será consagrado ao Senhor para todos os dias de sua vida. E prostraram-se naquele lugar diante do Senhor. 2Sm 12,20 - Então Davi levantou-se do chão, lavou-se, perfumou-se, mudou de roupa e entrou na casa do Senhor para se prostrar.

[4] Mt 14,33 - Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus. Mt 15,25 - Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: Senhor, ajuda-me! Mc 1,7 - Ele pôs-se a proclamar: Depois de mim vem outro mais poderoso do que eu, ante o qual não sou digno de me prostrar para desatar-lhe a correia do calçado. (NB: Prostraram-se perante a Jesus e não simplesmente se ajoelharam)

[5]Evidentemente, retornando a reverencial comunhão de joelhos, as mesas da comunhão devem voltar. Provisoriamente, pode-se trazer um banco da igreja, ou vários, ao redor do altar.

[6] propriamente a maioria deles.

[7]Por ex. pouco espaço nas igrejas para avultado número de fiéis, cf. “Eucharisticum Mysterium” 34, no caso da comunhão de pé (raramente ocorre em dias de semana e às vezes nem aos domingos)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Tão Distante e Tão Próximo, Tão Oculto e Tão Claro

O tempo passa, algumas coisas mudam, mas as vezes é necessário voltarmos ao que nos foi ensinado, e diremos assim o devido respeito ao CORPO E SANGUE DE CRISTO, mas para nos adaptarmos, precisamos também nos doutrinar, não tenho visto nas Santas Missas o que o nosso Papa pediu. Claro que serão necessárias algumas mudanças, mas se não começarmos já, mesmo com o devido coração contrito é necessário através de atitudes mostrarmos para o MUNDO e para todas as outras religiões o MERECIDO respeito ao Nosso Senhor Jesus Cristo, até para pessoas que "dizem" católicas. Vamos refletir...