terça-feira, 8 de novembro de 2011

91 Anos Cardeal Dom Eugenio Sales




O Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Eugenio de Araújo Sales, completa, nesta terça-feira, 8 de novembro, 91 anos. Por sua vida, que é marcada pelo amor ao próximo e pela dedicação a Deus, a Igreja local eleva a Deus sua gratidão.

Dom Eugenio foi Arcebispo do Rio de Janeiro durante 30 anos, no período entre abril de 1971 e setembro de 2001. Durante todo esse tempo realizou grandes manifestações de fé e amor a Deus.

Nascido a 8 de novembro de 1920, em Acari, no Rio Grande do Norte, da família de Josefa de Araujo Sales e do desembargador Celso Dantas Sales, constituiu uma vida e uma longa folha de serviços eclesiásticos prestados, com humildade, perseverança e dedicação, desde os tempos de jovem padre ordenado na Arquidiocese de Natal, em 21 de novembro de 1943, pela imposição das mãos de Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas, Bispo de Natal.

Como Bispo, foi nomeado a 1º de junho de 1954, com apenas 33 anos, para Bispo Auxiliar de Natal. Em 1962 foi nomeado administrador apostólico de Natal. Foi administrador apostólico de São Salvador da Bahia, em 1964, sendo nomeado Arcebispo Primaz do Brasil em 29 de outubro de 1968. O Papa Paulo VI inscreveu Dom Eugenio no Sacro Colégio dos Cardeais no consistório de 28 de abril de 1969, com o título de São Gregório VII. Em 13 de março de 1971, o Papa Paulo VI transferiu o Cardeal Sales para Arcebispo do Rio de Janeiro. Por fecundos 30 anos, a Igreja do Rio foi guiada por Dom Eugenio, até a sua renúncia ter sido aceita pelo Papa, aos 80 anos, em 25 de julho de 2001.

A fecundidade das múltiplas ações pastorais, sociais e caritativas de Dom Eugenio, em Natal, fizeram com que o seu amigo Dom Helder Câmara, ao fundar a CNBB junto com os Cardeais Motta e Câmara, colocasse em prática as inovações pastorais criadas por Dom Eugenio, sendo que a Campanha da Fraternidade, nascida em Natal sob a guia do jovem Bispo potiguar, assumida pelo episcopado, logo se espalhasse para todo o Brasil, numa capilaridade pastoral perfeita, em que assuntos prementes da vida eclesial sejam discutidos e trabalhados sempre na busca de soluções melhores para a vida do povo.

O Cardeal Dom Jaime, antes de morrer, já começava a aplicar na Arquidiocese do Rio as mudanças propostas pelo Concílio Vaticano II. Dom Eugenio, ao chegar ao Rio de Janeiro, implementou imediatamente as ações evangelizadoras do Concílio Vaticano II, mesmo com as normais dificuldades. Manteve firme a sua confiança inabalável em Deus e governou esta Igreja como sua esposa, sendo o Bom Pastor que conhecia as suas ovelhas, que as chamava pelos nomes e que as confirmava na irrestrita fidelidade a Deus, à Igreja, à Sé de Pedro e ao Papa.

A questão social


A Igreja no Rio viveu esta comunhão e esta unidade pastoral na fidelidade e no silêncio da ajuda caritativa que sempre chegou aos mais pobres e mais desvalidados, principalmente com a Cruzada São Sebastião, o Banco da Providência, com a sua Feira da Providência, a Pastoral da Criança, entre outras muitas atividades sociais.

O Cardeal criou algumas pastorais com este foco, como a Penal, a da Saúde, a do Trabalhador, a das Domésticas, a do Anônimo e a do Menor.

Em entrevista ao Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro, no ano passado, Dom Eugenio destacou a criação da Pastoral das Favelas, que foi fundamental no caso do Vidigal, na época em que a prefeitura ia remover todos os moradores da comunidade localizada na Avenida Niemeyer. Pois, com o apoio da Pastoral, a remoção foi impedida. O acontecimento mudou a política fundiária. Com o respaldo legal, nenhuma comunidade poderia ser removida. Foi naquele mesmo momento que o então Papa João Paulo II visitou o Rio de Janeiro e fez um discurso aos moradores da comunidade. O Pontífice ofereceu à comunidade o seu anel papal, como um presente, simbolizando a solidariedade com os mais desprovidos. Hoje, esse anel está no Museu Arquidiocesano, localizado no subsolo da Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro.


A visita do Papa João Paulo II foi extraordinária. Ela revelou a bondade do Papa, o afeto dele com nossa comunidade diocesana, disse o Arcebispo Emérito.

Trabalho Vocacional

Sempre preocupado com a propagação da Palavra, Dom Eugenio investiu no trabalho vocacional e de formação.

A preocupação permanente com a formação do clero foi uma das marcas de Dom Eugenio, que renovou o Seminário São José, incentivando as vocações, ordenando muitos presbíteros (215 durante o seu episcopado) e dando uma assistência especial, por si ou por seus Bispos Auxiliares, aos Padres de sua Arquidiocese.

Para com os Bispos do Brasil, organizou anualmente o Curso dos Bispos, no Sumaré, onde teve a alegria de hospedar, em sua primeira edição, o então Cardeal Joseph Ratzinger, que veio falar ao episcopado e, depois do mesmo, falou para leigos e religiosos. Esses encontros eram e ainda são momentos de oração, de renovação espiritual e de atualização nas várias áreas da teologia e dos assuntos eclesiais.

Ajuda a todos que precisam
O Arcebispo Emérito primava ainda por uma ampla e silenciosa rede de assistência aos mais pobres que foi idealizada, levada a efeito e protegida, em seu longo governo de 30 anos no Rio de Janeiro. Não era apenas um discurso a defesa dos pobres, mas na prática, no dia a dia, no socorro de suas necessidades e na sua colocação profissional, ou seja, na sua promoção.

O Cardeal Sales, silenciosamente, como ele mesmo gosta de dizer, protegeu os presos políticos, ajudou-os materialmente e foi a sua voz junto aos militares, e sempre foi ouvido pelo respeito de suas posições claras, não se comprometendo nem com os militares e nem com a luta armada. Todos conhecem histórias de como ele mesmo levava pessoas que necessitavam sair do país, com o seu veículo, até o aeroporto. Dom Eugenio é também referência para os refugiados na América Latina e a sua ação, silenciosa e persistente, deu asilo e proteção a muitas pessoas perseguidas em seus países. Muitos, hoje, retornam e fazem questão de dizer como o Arcebispo do Rio agia com energia e ajudava os que mais precisavam.

No mundo da cultura

No mundo da cultura, o episcopado de Dom Eugenio foi admirável, não só no diálogo com o vasto mundo intelectual do Rio de Janeiro, mas nas parcerias entre a Arquidiocese e a intelectualidade. Homem da boa imprensa, sempre manteve colunas semanais nos jornais “Diário de Notícias”, “O Dia”, “Jornal do Commercio” e “O Jornal”.

Sempre teve também programas semanais nas TVs Tupi, Rio, Globo, Educativa, RedeVida, Canção Nova e rádios, entre elas Nacional, Vera Cruz, Roquette Pinto, Jornal do Brasil, Carioca, Catedral e Canção Nova. Um homem admirável, que unia doutrina com a ortopraxis, sendo fiel a Deus, à Igreja e aos Romanos Pontífices.


Para o Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, toda a obra de Dom Eugenio sempre partiu da sua vida de oração:

— Homem da Igreja, homem de oração, homem de fé! Dom Eugenio enfrentou as alegrias e as tristezas, enfrentou os trabalhos e as adversidades com a serenidade de um homem de fé, que tendo como exército o breviário, o rosário, a confiança em Deus e a promessa de Cristo a Pedro de que as “portas do inferno jamais sucumbirão à Igreja”, passou por tudo com a serenidade dos justos. Tudo isso foi possível porque invocou sempre a proteção de São Sebastião e de Santana, padroeiros do Rio de Janeiro, e sempre contemplou e orou diante do Cristo Redentor, que, protegendo a sua vida e o seu ministério, o inspirou muito a fazer, de sua maneira, o melhor bem espiritual para o Rio de Janeiro.

No entanto, foi com muita humildade que Dom Eugenio disse que a articulação entre os diversos padres, leigos e religiosos, durante o período em que esteve à frente dessa missão, não é mérito seu, mas somatório do clima fraterno da Arquidiocese.

- O trabalho realizado na Arquidiocese não se deve a mim, mas a toda uma equipe com disposição, para a glória de Deus. Deve-se reconhecer que esse trabalho nasceu da generosidade do carioca e espalhou-se por toda a diocese, contou.


Para os cariocas, Dom Eugenio é testemunho de consagração a Deus, cujas promessas da ordenação sacerdotal foram vividas rigorosamente no exercício do seu ministério através da fidelidade ao Papa e à Igreja, e no serviço em prol dos mais necessitados. Não lhe importava, ou não importa, agradar, mas ser fiel a Cristo, sendo, por isso, sua testemunha. A sua vida de oração, os seus sentimentos, os seus pensamentos, sua conduta, seus afazeres têm uma meta: a causa do Reino. E isso é uma marca que transcende sua existência e se mistura à missão da própria Arquidiocese do Rio.


* Texto e fotos: arquivo

Fonte: Arquidiocese de São Sebastião do RJ

Um comentário:

CATEQUESE N'ATIVIDADE disse...

Que tenhamos muitos outros exemplos como ele na nossa igreja! Parabéns à ele pelos 91 anos e que Deus lhe abençoe e proteja!

Abraço fraterno e a paz!
Rê Furlan